Em roda de conversa que marcou o encerramento do percurso curatorial Ditadura e Gênero, realizado pelo Acervo Bajubá a convite do Memorial da Resistência (julho a dezembro de 2022), Marilene Gerônimo (Coletiva de Mulheres) abordou que uma das atividades que compuseram o percurso foi muito significativa na dimensão de afeto e potência coletivas, o que implicou, para ela, na complexidade de se textualizar/transcrever aqueles momentos. Concluiu ainda dizendo de uma impossibilidade de transformar esta potência e significado em palavra escrita. Haveria muito mais do que um texto ou qualquer formato poderia representar.
Este texto, que tem como objetivo contar um pouco sobre as atividades do Percurso Curatorial, parte do reconhecimento dessa impossibilidade de algumas palavras. Elaboramos, portanto, um gesto de descrição baseado nessa reflexão de Marilene. De forma concisa, o que queremos dizer é que este registro formaliza certas experiências, inscreve certos eventos num horizonte de tempo e espaço, mas falha na tentativa de trazer o aspecto vivo de todos os encontros possibilitados por este percurso. Falha também ao não dar conta das tantas experiências, realidades e existências de tantas mulheres durante a ditadura civil-militar.
Pensamos nesse movimento de pesquisa como algo da ordem de uma dimensão viva e vivida, ocorrida a partir da coletivização do espaço proposto pelo Memorial da Resistência. E isso é parte do que tem sido um pensamento de método para o Acervo Bajubá: como articular discussões do passado no presente de forma viva? Como transformar o arquivo em algo vivo? Não temos a resposta. Mas a aposta tem sido construída de forma coletiva e comunitária.
Para pensar temas políticos e sociais tão caros como a ditadura civil-militar e a luta pela democracia, pensamos que mais do que se reportar a um passado histórico, é preciso expandir os modos de produção de conhecimento hegemônicos e imaginar outros modos de se fazer possíveis. Dessa forma, se o percurso curatorial enfocava os termos “Ditadura” e “Gênero”, o método de trabalho que se elaborou foi realizado a partir do diálogo com mulheres, seja individualmente na produção de testemunhos, ou coletivamente, em rodas de conversa, diálogos com coletivas e oficinas de escrita.
Atravessadas por classe social, raça, localização geográfica, escolaridade, religião, identidade de gênero, em experiências que vão desde a política do dia a dia à participação na luta armada, este percurso buscou se aproximar dessa diversidade de experiências possíveis da ditadura. Aqui descrevemos algumas das principais atividades.
Em roda de conversa que marcou o encerramento do percurso curatorial Ditadura e Gênero, realizado pelo Acervo Bajubá a convite do Memorial da Resistência (julho a dezembro de 2022), Marilene Gerônimo (Coletiva de Mulheres) abordou que uma das atividades que compuseram o percurso foi muito significativa na dimensão de afeto e potência coletivas, o que implicou, para ela, na complexidade de se textualizar/transcrever aqueles momentos. Concluiu ainda dizendo de uma impossibilidade de transformar esta potência e significado em palavra escrita. Haveria muito mais do que um texto ou qualquer formato poderia representar.
Este texto, que tem como objetivo contar um pouco sobre as atividades do Percurso Curatorial, parte do reconhecimento dessa impossibilidade de algumas palavras. Elaboramos, portanto, um gesto de descrição baseado nessa reflexão de Marilene. De forma concisa, o que queremos dizer é que este registro formaliza certas experiências, inscreve certos eventos num horizonte de tempo e espaço, mas falha na tentativa de trazer o aspecto vivo de todos os encontros possibilitados por este percurso. Falha também ao não dar conta das tantas experiências, realidades e existências de tantas mulheres durante a ditadura civil-militar.
Pensamos nesse movimento de pesquisa como algo da ordem de uma dimensão viva e vivida, ocorrida a partir da coletivização do espaço proposto pelo Memorial da Resistência. E isso é parte do que tem sido um pensamento de método para o Acervo Bajubá: como articular discussões do passado no presente de forma viva? Como transformar o arquivo em algo vivo? Não temos a resposta. Mas a aposta tem sido construída de forma coletiva e comunitária.
Para pensar temas políticos e sociais tão caros como a ditadura civil-militar e a luta pela democracia, pensamos que mais do que se reportar a um passado histórico, é preciso expandir os modos de produção de conhecimento hegemônicos e imaginar outros modos de se fazer possíveis. Dessa forma, se o percurso curatorial enfocava os termos “Ditadura” e “Gênero”, o método de trabalho que se elaborou foi realizado a partir do diálogo com mulheres, seja individualmente na produção de testemunhos, ou coletivamente, em rodas de conversa, diálogos com coletivas e oficinas de escrita.
Atravessadas por classe social, raça, localização geográfica, escolaridade, religião, identidade de gênero, em experiências que vão desde a política do dia a dia à participação na luta armada, este percurso buscou se aproximar dessa diversidade de experiências possíveis da ditadura. Aqui descrevemos algumas das principais atividades.